Uma mulher quer que suas unhas não quebrem nem descasquem. Uma mulher quer se sentir atraente com o peso que tem. Uma mulher quer ver seu trabalho valorizado. Quer ganhar dinheiro com ele. Quer ser amada. Quer viver apaixonada. E quer se divertir.
Poderíamos encerrar a questão neste primeiro parágrafo, mas como a página necessita ser preenchida, avante.
Uma mulher quer ter filhos. Ou já quis um dia. Uma mulher com filhos quer ter mais tempo para si mesma. E uma mulher com tempo de sobra quer uma rotina mais agitada. Só não quer o tédio.
Uma mulher quer um cabelo que não precise ser constantemente pintado, arrumado, escovado. Quer conversar.
Quer ficar em silêncio, quer que lhe telefonem de surpresa e lhe digam coisas que a façam ficar sem palavras. Quer deixar um homem maluco. E ter, ela mesma, o direito de enlouquecer.
Quer aprender a ser mais egoísta. Quer, ao menos uma vez na vida, pensar só nela e em mais ninguém.
Quer inspirar um poema. Quer ser musa. Mas não quer ser confundida com essas mulheres que não controlam a própria vaidade, perdem a noção e pagam mico nas páginas das revistas.
Quer colocar comida na mesa e que as crianças raspem o prato, uma mulher quer seus filhos saudáveis e felizes, uma mulher quer que eles durmam a noite toda, de preferência em casa. Ela só quer devorar um pão de meio quilo sem culpa. Uma mulher quer sair bonita na foto. Quer ser reparada na festa, quer que seu carro não a deixe na mão, quer ser escutada. E quer escutar os homens, que pouco se abrem.
Uma mulher quer fazer algo pela sociedade. Quer ajudar quem precisa. Quer ser útil. Em troca, quer que a ajudem com as sacolas. E que a amparem na dor.
Ela quer ter o gostinho de dizer não para os cafajestes. Por mais que ela queira dizer sim.
Quer morrer de rir. Uma mulher quer que não a levem tão a sério. Quer batalhar por seus ideais sem se embrutecer. Quer brilhar no escuro.
A mulher quer ter paz. Ler mais, viajar mais, conhecer mais. Flores. Beijos. Quer se sentir viva. E quer viver pra sempre, enquanto for bom. Está respondido, doutor Freud. Não somos assim tão complicadas.
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